Biblioteca do Observatório Céu Austral

 

 

Pierre Curie ( 1859 - 1906 )

por Paulo Gomes Varella *

 

 Em 2006 ocorre o centenário da morte do físico francês Pierre Curie. Neste texto, prestamos uma singela homenagem a esta figura ímpar do mundo científico.

 Pierre Curie nasceu em Paris em 15 de maio de 1859, descendente de uma família originária da Alsacia. Filho mais novo de Eugène Curie (médico) e Claire Depouilly, possuía um irmão, Jacques Curie.

Pierre não freqüentou a escola primária e nem a ginasial, recebendo as primeiras lições em casa, primeiramente de sua mãe e, mais tarde, de seu pai e de seu irmão. Segundo seus biógrafos, “não teria suportado a disciplina escolar da época pois possuía um espírito sonhador e independente”. A liberdade com que foi criado ajudou a desenvolver sua tendência pelas ciências naturais.

Em 1873, sua educação é confiada ao Prof. A. Bazille, que lhe ensinou principalmente matemática. Aos 16 anos bacharelou-se em Ciências e aos 18 anos concluía seus estudos superiores. Em 1878 foi nomeado “Preparador e Encarregado das aulas práticas de Física do Laboratório de Altos Estudos da Faculdade de Ciências de Paris”. Nos 5 anos em que permaneceu no cargo, trabalhou com seu irmão Jacques, também físico. Do trabalho conjunto resultaram inúmeras descobertas como a da piezoeletricidade (polarização elétrica produzida pela dilatação ou contração de cristais onde os centros de simetria estão ausentes). Dessa importante descoberta resultou um equipamento muito sensível (construído com Quartzo piezoelétrico) capaz de medir pequenas intensidades de correntes elétricas, utilizado, mais tarde, nas pesquisas sobre radioatividade. Sua vida desenvolvia-se de forma modesta, sempre rodeado pelos poucos aparelhos de física experimental de que dispunha e por uma legião de alunos a quem os mistérios da ciência eram desvendados.

Os estudos sobre a física dos cristais seguiam em ritmo acelerado. Em 1891 lançou-se no estudo do magnetismo. Como resultado, Pierre elabora sua tese de doutorado, apresentada em 1895 à Faculdade de Ciências de Paris, da qual surge a “Lei de Curie” - “o coeficiente de imantação dos corpos fracamente magnéticos varia na razão inversa de suas temperaturas absolutas”, a qual recebeu especial menção de Lord Kelvin, que passou a ser um admirador do físico francês.

Curiosamente, os estudos sobre o magnetismo determinaram seu primeiro encontro com Marie Sklodowska, originalmente Marya Sklodowska, nascida em 07 de novembro de 1867 na Polônia. Marie havia ido a Paris realizar uma série de experimentos sobre o magnetismo de vários tipos de aço em 1894. Da colaboração científica surgiu a amizade, uma grande afeição e o casamento em 25 de julho de 1895. A partir desta data, não é mais possível falarmos de um sem mencionarmos o outro.

Após o nascimento da filha Irène em 1897, Marie começou a preparar sua tese de doutorado e, ao selecionar possíveis temas, deparou-se com um fenômeno bastante interessante: as emissões de certas “radiações” emanadas dos sais de Urânio, descobertas em 1896 por Henri Becquerel, físico francês. Marie seguiu seus estudos nesta área e descobriu que essa radiação é uma propriedade atômica do elemento químico e a intensidade da radiação é proporcional à quantidade de Urânio presente. Ela descobre, também, que os compostos de Tório emitem o mesmo tipo de radiação e propõe o termo “radioatividade” para definir essa propriedade da matéria.

Ao examinar diversos minerais em laboratório, Marie notou que alguns compostos emitiam muito mais radiação que o Urânio e o Tório, o que indicava a presença de um desconhecido elemento químico. Na ocasião, Pierre abandona momentaneamente seus estudos com os cristais e junta-se à esposa na tentativa de isolarem o novo elemento químico. Em 1898, finalmente, as pesquisas demonstram a existência de dois novos elementos: o Polônio e o Rádio e o Prêmio Nobel de Física de 1903 é entregue ao casal Curie e a Henri Becquerel.

O trabalho seguia intensamente até que na tarde de 19 de abril de 1906, um triste e chuvoso dia, a brilhante carreira de Pierre Curie é encerrada por um trágico acidente. Sua morte instantânea ocorre na “Rue Dauphine”, em Paris, quando é atropelado por um pesado carro de bois.

Pierre faria 47 anos de idade no mês seguinte...

 

 

 * baseado em um texto de Eduardo Valente Simões.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

voltar